sábado, 26 de outubro de 2013

Um novo eu

"Ninguém muda", dizem eles. Ninguém muda quando não tem força de vontade, quando não tem motivos para o fazer. Ninguém muda quando não tem esperanças para tal. Ninguém muda dizem eles, mas eu sou a prova que ainda existe mudança num ser humano. Eu orgulho-me do que hoje sou. Eu sei que parece ser um "clichê" - e de facto é. Mas eu necessitava de o escrever, eu necessitava de me expressar por palavras, porque de outra maneira eu não sou capaz. Passei  por tanto até chegar a mudança total. Passei por tudo um pouco. Fiz de tudo um pouco.
Cheguei até a cortar-me, no inicio não havia mal, afinal era só um corte aqui, outro ali, para a dor que era demasiado grande no meu coração passar a física, via o sangue a escorrer e deparava-me todos os dias com o braço cortado, usava mangas compridas ou casacos mesmo no Verão, para ninguém ver o que eu fazia, e que na realidade era uma fraca, e não a rapariga que estava sempre a rir. Deixei de comer para perder peso por gozarem comigo por eu ter sido gorda - os meus pais nem sabiam o que haviam de fazer depois de eu ter perdido tanto peso. A realidade é que eu comecei a comer por eles, se não aposto que estava internada, pois era isso que o médico queria.
Cheguei a tentar cometer suicídio, mais que uma vez, mas era sempre interrompida por alguém da minha família - mas eles nunca me chegaram a apanhar a quase cometê-lo. Deixei o passado para trás, virei costas ao que era, virei costas a quem não me fazia falta e a quem estava comigo com segunda intenções. Chorei noites e dias, a pensar no porquê de tudo me cair em cima até buscar uma resposta, afinal quem estava mal era eu, sempre fui eu a estar mal, sempre fui eu a dar-me demasiado bem com as pessoas a chegar ao ponto de me iludir nas amizades e até no amor.
Eu era uma garota que não sabia nada sobre o amor, que não sabia nada sobre as amizades, que não sabia nada sobre o mundo, até crescer, até me tornar na Mulher que sou hoje. Eu mudei, cresci, mas certas coisas que faziam parte do passado - quer queira quer não - continuam. Eu continuo a ser rotulada, continuo a ser criticada mas bem falada na cara. Mas a sociedade, infelizmente, é isto mesmo. Seja o que for que tenhas feito, serás sempre rotulada, e uma vez rotulada, para sempre ficará assim. Mesmo que mudes, mesmo que o proves - porque na realidade ninguém quer saber, apenas querem acrescer defeitos para se sentirem superiores a nós.
Hoje olho para tudo o que fiz, para tudo o que vivi, para tudo o que passei, mas sabes? Não me arrependo sequer, e isso tem a sua razão simples de ser, se eu não tivesse cometido todos os erros que cometi, se não tivesse feito tudo o que fiz, se não tivesse passado por tudo o que passei, "será que seria o que sou hoje?" Essa questão permanece na minha mente, mas com uma resposta lógica - se não tivesse passado por metade do que passei, não seria o que sou hoje.
Então obrigada, obrigada a todas as pessoas que tiveram presentes no passado, que me abraçavam e tinham uma faca nas costas, que me desiludiram, que me iludiram. Obrigada por todos os que me fizeram acreditar no "para sempre" e a viver contos de fadas. Obrigada por todos, por todos os problemas que me causaram, por todo o orgulho que me fazem sentir hoje. Deixei de dar importância para a vossa opinião, para a vossa falsidade - sim, porque nenhum será capaz de me derrubar. Deixei de dar importância para coisa que dantes me faziam muita diferença. Comecei a escrever e a ouvir música para me abstrair das coisas do mundo, e entrar no meu mundo. Sim, esta sou eu, e estou aqui para ficar

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