segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O verbo amar

Eu não ganho nada a escrever para ti. Se alguém me pagasse um cêntimo por cada linha que contém os teus traços, acredita eu estaria milionária. O problema é que eu não ganho nada e, ainda assim, cismo em escrever para ti, por ti. Não importa quantos parágrafos eu digite ou quantas estrofes eu rabisque no papel, nunca, nada vai ter o tamanho e a intensidade do que eu te quero dizer. Nenhuma frase tem tanta ênfase na dor que eu quero expressar. Vê só, escrever não me deixa menos infeliz ou com mais vontade de viver. Escrever não te coloca novamente do meu lado. Mas, de certa forma, é a escrever que eu encontro um pouco de conforto em dias tão vazios longe de ti.
 Talvez não seja as pontas dos meus dedos que te redigem, talvez sejas tu quem transforma as pontas dos meus dedos. Analisa com atenção as palavras que cospem da minha boca e as que saltam no papel, todas elas contém um pouco de tu, do que éramos, do que tínhamos, do que fomos, de nós dois. Não importa se é sobre os teus olhos castanho -mel, sobre o seu cabelo castanho encaracolado ou sobre os teus lábios grossos. Todos os meus textos disfarçados em versos, todas as minhas poesias camufladas em texto e todos os meus poemas com alma de frase são sobre ti. Eu juro que tento, de verdade, escrever sobre qualquer outra coisa ou agarrar qualquer pensamento que não envolva o teu cheiro, o teu caminhar e a tua gargalhada, mas é impossível. Se falo sobre o céu, diretamente também falo sobre como era bom passar as tardes a ver a tua perfeição. Se rio de uma piada, automaticamente penso em como eu gostaria de contar ela para ti e ver o teu sorriso esbranquiçados. Percebes o tamanho da ironia? Eu não quero escrever, pensar ou falar de ti, mas de certa forma aqui estou eu.
Às vezes as palavras fluem com o batimento do coração. Amor quietinho, que não exige palco e nem plateia. Amor simples. Amor que não cabe no verbo amar

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